Não somos uma marca de escuteiros, mas, sem dúvida, sem o escutismo não existia o Projeto Serra. Foi nos escuteiros que encetamos e alimentamos o mais bonito compromisso com as serras e com a natureza. No mês em que se celebra o Dia Mundial do Escutismo, decidimos dar-vos a conhecer uma das nossas escuteiras favoritas: a Catarina.
A Catarina não é só escuteira, mas onde quer que vá, com quem fale ou por onde passe, vê o mundo com a curiosidade, empatia e pragmatismo de um escuta. Talvez por isso tenha seguido a carreira de enfermeira e seja uma amiga tão cuidadosa e próxima. Mas, porquê contar-vos se podem comprovar tudo aqui?
Catarina, desde quando é que andas nos escuteiros e porque é que te inscreveste?
Entrei para o escutismo em 2004 por intermédio da minha maior referência na vida e no escutismo – o meu irmão, que já lá andava.
Que posição ocupas agora nos escuteiros?
Fiz exatamente este ano a minha promessa de dirigente, a última de todo este percurso de 20 anos.
Que memórias guardas com mais carinho dos escuteiros? (enquanto mais jovem)
Como criança, guardo com muito carinho a primeira vez que andei de avião, para realizarmos um acampamento nos Açores – tinha eu 9 anos.
Como jovem, guardo um projeto que coordenei enquanto caminheira – o cenáculo – que me comprovou o quanto eu fui feita para o escutismo e vice-versa.
Que memórias guardas com mais carinho dos escuteiros? (enquanto dirigente)
O meu percurso como dirigente é ainda muito pequeno mas tenho a sorte de estar rodeada de crianças e jovens que me acolhem, me entendem e me respeitam. Estou inserida numa secção com elementos muito próximos da minha idade e, o que eu achava que isso poderia ser um entrave na nossa relação “escuteiro-dirigente”, tornou-se na base fundamental da relação que criei com eles. Devo-o a eles isso.
Guardo várias atividades organizadas para eles, é isso que me motiva neste momento no escutismo: preparar para surpreender.
O que é os escuteiros te ensinaram?
Ensinou-me que conforto pode ser também uma mesa desequilibrada, uma noite numa tenda ou uma noite à volta da fogueira. Que a conexão com a natureza é libertadora.
Ensinou-me que as vivências aqui serão sempre maiores do que todas as outras fora do escutismo, justo pelo motivo da intimidade que aqui se cria.
A ânsia de ser melhor, o exigir- me ser exemplo, o assumir responsabilidades, o cuidar da humanidade, o trabalho em equipa, a procura do serviço e, não menos importante, ensinou-me a ser amiga e a fazer amigos, para a vida toda.
Como é que respondes a quem te admira por ocupares o teu tempo com os filhos dos outros?
Honestamente, nunca pensei muito nisso e acho que não tenho muito impacto na vida dos pais porque, como o disse anteriormente, estou numa secção de jovens adultos onde eles são responsáveis por eles próprios, não lidando com os pais.
No entanto, a nível de agrupamento, vou sentindo a felicidade e, acima de tudo, o orgulho no olhar dos pais ao apreciarem o que fazemos e a forma como o fazemos.
Qual é a tua profissão e com o que é que ocupas os teus dias fora dos escuteiros?
Sou enfermeira e é entre a enfermagem e o escutismo que ocupo os meus dias. Tiro muito do meu tempo para estas duas paixões.
Em que é que o teu mundo fora dos escuteiros enriquece os escuteiros?
Sinto que até a escolha da minha profissão teve uma influência do escutismo, porque este me ensinou a cuidar e a estar para os outros.
Mas sinto também que a minha profissão, que me obriga a cuidar, a estar e a escutar – valência crucial – me permite crescer e ser cada dia melhor na vida e, consequentemente, no escutismo.
O que é que os escuteiros têm que se fosse aplicado no dia-a-dia, por todos, tornaria o mundo melhor?
Tem muitas competências que se adquirem mais facilmente no escutismo pela vivência na natureza e pelo modo de sobrevivência.
Penso que a cidadania ativa e o desprendimento são características de um escuteiro. Ser membro ativo na comunidade e estar em casa na sobrevivência.
Há ainda o desenvolvimento do carácter onde no escutismo se cultiva a honestidade, integridade, coragem e onde os relacionamentos são construídos com base na confiança mútua.
Por fim, qual é a o spot mais fixe que já visitaste com os escuteiros e que todos deviam ir conhecer?
O spot mais fixe que visitei foi um dos acampamentos mais marcantes que tive – Sintra. Pode não parece extraordinário mas realizamos um acampamento volante, por várias zonas de Sintra onde deu para explorar toda a região que é encantadora. Ainda hoje, é um dos meus sítios preferidos quiçá por influência desse acampamento.
Há outros locais incríveis que já perdi a conta ao longo destes 20 anos de escutismo, nomeadamente aqueles locais de mato puro, pouca rede e muita paz e tranquilidade.